“Se um dia eu pudesse ver /meu passado inteiro / e fizesse parar de chover nos primeiros erros”.
Não, o post não tem nada a ver com Capital Inicial e o Rock in Rio, e sim com algumas verdades que surgem na nossa frente. Verdades que teimávamos em não ver, em não sentir, não acreditar que existiam. Aí passa um tempo e parece que você ganhou óculos sensoriais mágicos. E tudo passa a fazer um sentido.
Aí que enrolação, né? Pois bem: isso tudo pra dizer que precisei passar pela faculdade e chegar até o mercado de trabalho para perceber que meus últimos anos de vida escolar foram sedimentados em amizades de areia.
Eu sempre tentei fazer parte de um grupo. Me esforcei mesmo. E fiz parte. Mas sempre sentia que fazia parte por ser a namorada de alguém. Nada pior que ter um rótulo. O namoro acabou, mas o contato com o grupo permaneceu. Mas sempre ficava um buraco. Nunca me sentia parte integral, não fazia parte das farras ou saídas, e portanto, não tinha papo nos encontros regados a fofocas de festas e afins.
Ver aquele grupo junto até hoje, suas fotos, suas alegrias e suas conversas sobre as mesas coisas de sempre, me deixa 'meio assim, sei lá'. O que incomoda, já que me sentia tão diferente, tão estranha no ninho? Incomoda porque eu gostava do grupo. Porque o processo de compreensão de que as pessoas não são obrigadas a gostar da gente do mesmo jeito que gostamos delas, é doloroso e lento. É tema pra terapia.
Esses dias venho pensando muito nisso. Até ensaiando escrever essas coisas pra algumas pessoas. Mas não sei. Acho que tanta coisa já se perdeu, que nem sei se é vantagem tentar achar.
Então, se eu dia um pudesse ter visto, não me esforçaria. Não faria questão. É isso. Se eu pudesse ter visto, hoje não estaria chovendo dentro de mim.